quinta-feira, 22 de junho de 2017

[welcome to mozambique] a seleção de esperanças!


"Os meninos das Irmãs" - Escolinha da Santa Cruz, Nampula
Não sei quais deles são meus filhados, possivelmente nenhum, porque só tenho rapazes e veem-se sobretudo meninas a dançar, mas sei que são felizes e lhes é permitido ser criança!
(Moçambique)

No mês da criança, no dia em que é divulgado o relatório da OCDE em que se faz a revelação bombástica de que "uma melhor educação na primeira infância aumenta as hipóteses das crianças desenvolverem todo o seu potencial, ao mesmo tempo que reduz as desigualdades sociais e é a principal determinante da mobilidade social" (como se ninguém o soubesse há anos), as irmãs de São João Baptista postaram este vídeo delicioso! Podia ser qualquer jardim de infância de qualquer país do mundo, mas fica num dos bairros mais pobres de Nampula e se vos disser que há anos que fazem coisas tão extraordinárias e defendem a infância com unhas e dentes podem crer que é verdade!

Coisas extraordinárias como combater o tráfico e rapto de crianças. Sabem como? Chamam o senhor da conservatória de 6 em 6 meses à escolinha e registam cada uma das crianças que nasce no bairro! Desde que o fazem nunca mais houve um único rapto de crianças, que era um flagelo que assolava toda a província! Desapareceram os raptores. Foram para a Tanzânia, diz-se. Mas nunca mais! Podem rir-se. É um ovo de Colombo, é certo, mas como todos os ovos postos por esse senhor, absolutamente genial.

Na escolinha asseguram que todas as crianças aprendem a falar Português e se familiarizam com livros, letras e números antes de iniciar o primeiro ciclo. Porque nenhuma criança consegue aprender a ler numa língua estrangeira (e em Nampula, nas casa de família, fala-se Macua). A biblioteca das irmãs, por pobre que seja, tem um movimento de 400 pessoas diariamente! É uma ilha, um oásis! E o número de crianças que consegue aprender efetivamente a ler é incomensuravelmente superior aos meninos de outras escolas.

Proporcionam a alimentação, vestuário e material escolar a cada uma das crianças. Por escassa que seja a alimentação, todas as crianças (e asseguro-vos que as observei a todas, uma por uma!) estavam dentro das curvas de crescimento da OMS.

Quanto gastam as irmãs com cada uma das crianças? Com cada um dos nossos afilhados? Preparem-se: 70 euros por ano! Em roupa, alimentação, educação e material escolar. E acima de tudo, as crianças têm sempre um sorriso! Digo-vos, que só quem lá esteve sabe a força que um sorriso pode ter.

É isto. A vida é simples. Os 70 euros por ano que gasto com os meus afilhados valem cada cêntimo! Tenham um bom dia!

(Se me perguntarem: Beijo-de-mulata, alguma coisa te custa, nisto de ser mãe? Eu respondo que há uma coisa. É não poder tão cedo voltar a Moçambique... A saudade aperta tantas vezes... Mas não se aflijam que sou feliz do lado de cá!)

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